Analisando MR

Sinceramente, não posso fingir que não me surpreendi quando vi Maria Rita entrar no palco, de uma (cara) casa de shows em São Paulo. Quem, como eu, já estava acostumado com ela cantando e rodando entre vestidos verdes, rosas e azuis (ou no máximo um bege ou outro, como num dia frio em Santo André), deve ter se surpreendido também. Estes "segundos" vestidos são os que considero mais naturais. Isso mesmo. O corpo dela refletia essa leveza. Se bem que o quadril dava a impressão de ser (bem) maior do que é, como se tornou perceptível no terceiro.

Em Samba Meu, a saia ganhou uma fenda enorme. A combinação das cores lembra muito os anos 80. Carmen Miranda (se não tivesse sido morta por americanos e brasileiros) usaria um daqueles. A blusa é outra história. Curta e larga (tudo no superlativo). Com uma saia jeans de meio palmo, ficaria perfeito para ir a um baile funk, como a própria 'Maria do Socorro'. O resultado é uma preocupação desnecessária com a blusa. Já que qualquer movimento brusco fazia com que ela subisse (mais), como aconteceu no show em que eu estava. Imagine, então, ela cantando Todo Carnaval ou Não Vale a Pena. Impossível.Os looks segundos permitiam uma transição interpretativa. Pisando forte em Minha Alma, o sensual de Pagu (com direito às reboladinhas e tudo mais), as ondas de Caminho das Águas, ... Porém, como Carmen-dos-anos-80-que-gosta-de-funk, a interpretação é resumida. É sempre sensual. Mesmo que cantando o amor de Casa Pré. O segundo vestido do terceiro (quê?!), que pode ser encontrados em lojas de bairro da zona leste, mesmo não combinando com o top (que, sim, aparecia) valorizou mais o corpitcho bacana (há quem diga que ela tomará o lugar de Ivete).

A indumentária de Samba fez com que não houvesse a reverência ao público. Pense bem, seria mesmo impossível. Ou o público veria o que a blusa ainda cobria (cuja foto provavelmente sairia numa matéria que diz que Maria Rita estava cansada demais para atender a imprensa) ou a banda (sem fôlego) deixaria de tocar.Enfim, saiu (graças a Deus) um batom claro e entrou um cabelo mais comprido. Saiu uma Maria que corria e pulava de um lado para o outro (Ofrásia vai perder o emprego, já que não poderá mais imitá-la) e entra uma que samba, dança funk e continua tendo a certeza que arrasa (e está certa!).

Saiu um show com incríveis efeitos de luz e entrou um que de vez em quando acende a luz na platéia e não muito mais. Resumindo, saiu uma Maria de longo e entrou uma de curto. Só isso. A qualidade não está inferior, não. A arte se mostrará primeiro sempre. E ela continua linda.Ah, espero somente que haja mais de uma peça de cada modelo. Pelo tamanho desejado da temporada, a chance de rasgar no palco é grande. E com uma roupa curta desse jeito, se rasgar, acaba.

*Harumi Nakasone é estudante do primeiro semestre de Moda. E, quando famosa, adotará o nome de Fausa Haten.