terça-feira, 13 de julho de 2010

A evolução da (re)invenção

Mais uma vez eu estou na frente de uma página branca sem saber exatamente o que aconteceu algumas horas atrás.

Vi o show-sem-nome há duas semanas e postei A (re)invenção de Maria Rita aqui. Embora pouca coisa tenha mudado nesses catorze dias, muita coisa mudou. Confuso, eu sei. Mas não dá pra explicar racionalmente uma coisa que só a emoção dá conta.

Dá pra tentar, pelo menos. Uma vez mais.

Quando eu digo que ‘tudo mudou’, me refiro ao lugar de onde vi o show, à presença de alguns dos meus saudosos e tão amados Seres Cantantes e ao desempenho da Maria Rita. Em 28 de junho eu estava na primeira mesa, a meio metro da criatura que me faz chegar em casa às 2 horas da manhã de uma segunda-feira. Dava pra ver os mínimos detalhes – desde o fecho da sandália até o prendedor de cabelo-, cada respiração, cada olhar, cada levantada de sobrancelha. Hoje fiquei mais longe do palco (não por vontade própria, devo confessar), mas foi uma experiência bastante diferente e muito boa.

De longe dá pra ver todos os desenhos da iluminação – e aqui eu deixo meus parabéns a quem os criou – dá pra ver a movimentação grandiosa naquele palco minúsculo, dá pra ver a sincronicidade da platéia quando todos suspendem a respiração e entram naquela corrente de incredulidade diante do que os olhos estão vendo, os ouvidos estão escutando, mas o coração custa a acreditar. Clichê? É. Verdade? Mais ainda.

Outra ‘diferença’ entre os dois shows foi a segurança com que aqueles quatro tocaram agora há pouco. Não é novidade que Tiago, Sylvinho, Cuca e MR se entendem de um jeito que é raro de ver, mas parece que a cada show eles ficam mais e mais seguros no repertório novo e conseguem superar a barreira de entendimento alcançada no show anterior. Parafraseando Zé Pedro, Maria Rita tem uma big band de três integrantes.

Não vou falar de detalhes do show e do repertório. Esse não é um espetáculo para ser comentado objetivamente, é pra ser vivido. É pra estar lá. É pra sentir o ao vivo. Os vídeos, fotos e áudios ajudam a ilustrar o que se passa no Tom Jazz a cada segunda-feira, mas estão absurdamente aquém do que realmente acontece. Como Maria Rita mesmo diz, “esse é um show só nosso. Quem viu, viu. Quem não viu, perdeu.” Ainda bem que eu faço parte do time que viu.

No pós-show aconteceu um camarim rapidinho, mas mesmo ficando pouquíssimo tempo com MR deu pra ver que ela estava bem feliz com o que tinha acontecido ali. Parecia orgulhosa do próprio trabalho, sabendo que fez a coisa certa da melhor maneira que poderia ter feito. Se ela realmente estava sentindo isso, está coberta de razão: tem que ter muito orgulho mesmo.

Difícil agora vai ser saber que quase todas as segundas-feiras até o final de outubro serão marcadas por mais e mais edições desse show viciante e que não estarei presente em todas elas. Espero estar em mais algumas, pelo menos. E reforço a dica: quem tiver a oportunidade tem que ir ao Tom Jazz para entender o que eu estou falando. A conta bancária vai ficar um pouco desfalcada, mas quem não for vai ficar com um enorme débito emocional com si mesmo.


*Ju Periscinotto